Gregos e irlandeses contaram ao jornal «Sol» como se vive com o FMI e dizem a Portugal para ter coragem.
Gregos e irlandeses vivem há meses com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia (UE), um destino que, tudo indica, deverá ser em breve partilhado por portugueses. Mas o conselho deles é outro: «Mandem o FMI dar uma volta se tiverem coragem».
O semanário conta histórias de várias pessoas, recolhidas por e-mail. Histórias de pessoas despedidas das empresas onde trabalhavam há anos, de pessoas que tiveram de deixar as suas casas e mudar para apartamentos mais baratos após terem sofrido cortes de 30% no salário, histórias de pessoas que tiveram de aceitar uma redução de 30% no horário laboral para evitar o desemprego. É o preço a pagar pela ajuda: as medidas de austeridade impostas pelos dois fundos.
Os sonhos acabaram
«A ajuda externa tornou-nos mais pobres, cépticos e pessimistas quanto ao futuro. Os sonhos acabaram», disse ao «Sol» uma jornalista grega.
«Vemos imensa gente sentada horas e horas nos cafés, porque é uma forma barata de socializar. Os restaurantes, por outro lado, estão vazios e muitos vão fechar», refere um consultor de empresas grego.
Também na Irlanda a receita externa deu, até agora, poucos resultados. Desde o resgate, a performance dos dois países tem sido trágica: o desemprego está em máximos históricos (triplicou na Irlanda em três anos, até 13,4%), a recessão aprofundou-se e os juros da dívida pública - principal justificação do resgate - nunca aliviaram. Os juros de longo prazo (um indicador do risco-país) da Grécia e da Irlanda são hoje os mais altos do Mundo (12% e 10%, respectivamente).
Situação de Portugal: onde que nós já vimos isto?
Sobre uma eventual ajuda a Portugal, gregos e irlandeses alertam que a situação é muito semelhante ao período anterior ao resgate: juros em máximos, cortes de rating, queda do executivo (Grécia) e sucessivos desmentidos do governo sobre a necessidade de ajuda. «O anterior governo negou o auxílio externo mesmo quando o FMI já tinha embarcado no avião para Dublin», lembra um irlandês.
Já um outro grego vai mais longe: «Se tiverem coragem, mandem o FMI dar uma volta. Se não, façam como os gregos, voltem a aprender a cultivar a terra, a organizar festas com bebidas baratas e desliguem a TV quando a publicidade começar».
in: http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/fmi-grecia-irlanda-ajuda-pedido-de-ajuda-agencia-financeira/1243970-1730.html
Um comentário:
O problema é que isto não tem nada a ver com coragem. Os mercados já decidiram, e bem, digo eu, infelizmente com toda a razão, que Portugal não tem capacidade para cumprir os deveres financeiros para com o seus credores. Digam o que disserem, mas a culpa não é do FMI. É dos políticos portugueses, e dos socialistas em particular que, por tudo onde andam, em todos os países sem excepção, fazem sempre a mesma política: gastar o dinheiro que os outros, os conservadores, vão conseguindo criar enquanto estão no poder. Não acreditam? Estudem todos os países em que isso acontece, começando em Portugal, Espanha, França, Grécia, Reino Unido, na própria Suécia e até nos EU. É só um pouco de boa vontade. Eu já vivi em 5 dos países, e sei do que falo. Apenas a constatação de factos. A minha afirmação não tem nada a ver com ideologia. Embora seja de direita. Já fui se esquerda, mas aprendi com o tempo.
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