terça-feira, 24 de março de 2009

Michel Eyquem de Montaigne


Michel Eyquem de Montaigne (28 de Fevereiro de 1533, château de Montaigne, no Périgord - 13 de Setembro de 1592, no mesmo lugar), escritor e ensaista francês, considerado por muitos como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras e, mais especificamente nos seus "Ensaios", analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objecto de estudo. É considerado um céptico e humanista.

Foi presidente da Câmara em Bordéus durante quatro anos. Depois, regressou ao seu castelo e continuou a corrigir e a escrever os Essais, tendo em vista o estilo parisiense de exposição doutrinária. Os seus Ensaios compreendem três volumes (três livros). Os seus Ensaios vieram a público em três versões: Os dois primeiros em 1580 e 1588. Na edição de 1588, aparece o terceiro volume. Em 1595, publica-se uma edição póstuma destes três livros com novos acrescentos.

Os Essais são um auto-retrato. O auto-retrato de um homem, mais do que o auto-retrato do filósofo. Montaigne apresenta-se-nos em toda a sua complexidade e variedade humanas. Procura também encontrar em si o que é singular. Mas ao fazer esse estudo de auto-observação acabou por observar também o Homem no seu todo. Por isso, não nos é de espantar que neles ocorram reflexões tanto sobre os temas mais clássicos e elevados ao lado de pensamentos sobre as ventosidades que o rabo produz. Montaigne é assim um livre pensador, é um pensador sobre o Humano, sobre as suas diversidades e características.

Se por um lado se interessa sobremaneira pela Antiguidade Clássica, esta não é totalmente passadista ou saudosista. O que lhe interessa nos autores antigos, especialmente os latinos mas também gregos, é encontrar máximas e reflexões que o ajudem na sua vida diária e na sua auto-descoberta. Montaigne tenta assim compreender-se, através da introspecção, e tenta assim compreender os Homens.

Montaigne não é um moralista nem um doutrinador. Mas não sendo moralista, não tendo um sistema de conduta, uma moral com princípios rígidos, é um pensador ético. Procura indagar o que está certo ou errado na conduta humana. Propõe-se mais estudar pelos seus ensaios certos assuntos do que dar respostas. No fundo, Montaigne está naquele grupo de pensadores que estão a perguntar em vez de responder e é na sua incerteza em dar respostas que surge um certo cepticismo em Montaigne. Como não está interessado em dar respostas apriorísticas tem uma certa reserva em relação a misticismos e crenças. É de notar um certo alheamento em relação ao Cristianismo e às lutas de religião que se viviam em França. As suas reflexões visam os clássicos e a sua própria contemporaneidade. Tanto fala de um episódio de Cipião como fala de algum acontecimento do seu século como fala de um qualquer seu episódio doméstico.

Registre-se que Michel foi tio pelo lado materno de Santa Joana de Lestonnac.

Obras em português

  • Ensaios, São Paulo: Martins Fontes, 2000/2001, trad. Rosemary Costhek Abílio. Em três volumes.
  • Ensaios, São Paulo: Abril Cultural, 1972, tradução de Sérgio Milliet, publicada também pela Editora da UnB/Hucitec, 2. ed. 1987.

Livros e artigos em português sobre Montaigne

  • Newton Bignotto, Montaigne Renascentista. Kriterion, Rev. do Departamento de Filosofia da UFMG, Belo Horizonte, XXXIII, 86, ago/dez, 1992, p. 29-41.
  • Peter Burke. Montaigne, São Paulo: Edições Loyola, 2006, trad. Jaimir Conte.
  • R. W. Emerson, Homens Representativos. Trad. Alfredo Gomes. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1967.
  • Luiz Antonio Alves Eva, O Fideísmo cético de Montaigne, Kriterion, Belo Horizonte, ano 33, n. 86, 8/12, 1992, p. 42-59.
  • Luiz Antonio Alves Eva, A vaidade de Montaigne. In: Discurso, 23, 1994, p. 25-52.
  • Luiz Antonio Alves Eva, A Vaidade de Montaigne. Discurso editorial: São Paulo, 2003.
  • Luiz Antonio Alves Eva, Montaigne contra a vaidade: um estudo sobre o ceticismo na Apologia de Raimond Sebond, São Paulo: Humanitas, 2004.
  • Luiz Antonio Alves Eva, A figura do filósofo: ceticismo e subjetividade em Montaigne, São Paulo: Edições Loyola, 2007.
  • Jean Lacouture, Montaigne a Cavalo, Rio de Janeiro: Record, Trad. F. Rangel, 1998.
  • Jean Starobinski, Montaigne em Movimento, São Paulo: Companhia das Letras, Trad. Maria Lúcia Machado, 1993.
  • Luiz Costa Lima, Limites da Voz: Montaigne, Schlegel. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
  • Marcelo Coelho, Montaigne. São Paulo. Publifolha, 2001. (Col. Folha Explica).
  • Pierre Moreau, O homem e a obra’. In Ensaios de Montaigne, Brasília, UnB/Hucitec, 2. ed. 1987, Vol. I, p. 3-93.
  • P. J. Smith. Ceticismo Filosófico. São Paulo/Curitiba: EPU/Editora da UFPR, 2000.
  • PierreVilley, Os Ensaios de Montaigne, In: Ensaios de Montaigne, Brasília. UnB/Hucitec, 2. ed. 1987, vol. II, p. 3-90.
  • MauriceWeiler. Para conhecer o pensamento de Montaigne, In Ensaios de Montaigne, UnB/Hucitec, Brasília, 2. ed. Vol. III, 1987, p. 3-135.
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