segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Padre detido por posse de armas ilegais

A GNR apreendeu-lhe seis armas ilegais. A População não ficou surpreendida.

Um padre foi, ontem, domingo, detido pela GNR depois de ter rezado missa na aldeia de Covas (Boticas) por ter seis armas (três pistolas e três caçadeiras) ilegais. Na operação, a GNR deteve mais três indivíduos, e um total de 18 armas.

Ontem, os fiéis das aldeias Cerdedo, Vilar e Viveiro não tiveram direito a missa. Depois de rezar a primeira eucaristia na aldeia de Covas, às 7 horas, o pároco local foi detido pelo Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR de Chaves, na sequência de uma investigação que decorria há meses, por posse ilegal de armas.

O pároco, Fernando Guerra, foi surpreendido pela GNR na sacristia, quando tirava os paramentos, para seguir para outra paróquia. Depois de identificar e deter o padre, os militares da GNR, que já tinham cercada a igreja e a casa do suspeito, procederam à busca domiciliária para a qual estavam mandatados judicialmente." O pároco foi sempre bastante colaborante", informou o comandante da GNR de Chaves, Filipe Soares. Inicialmente, terá dito que tinha uma arma, mas que estava legalizada. À medida que os militares foram descobrindo outras, terá usado vários argumentos: que as herdara, nalguns casos, e que desconhecia a sua existência, noutros. No final da busca, a GNR terá encontrado três pistolas, três caçadeiras e milhares de munições e ainda uma soqueira. Uma das pistolas estaria no meio de livros.

Além da casa do padre, foram ainda alvo de buscas mais três residências, na aldeia vizinha de Campos, e detidos mais três homens. No total, nessas três habitações foram apreendidas mais sete caçadeiras e três pistolas. Os suspeitos vão ser presentes hoje a tribunal para primeiro interrogatório judicial. O pároco pernoitou na GNR de Boticas.

Na aldeia de Covas, a população ficou apenas surpreendida com o aparato policial. "Era só carros a entrar e sair", disse, ao JN, uma moradora. "Admirados? Olhe que por rezar quatro missas não foi que lhe aconteceu isto", ironizou outro morador. Um paroquiano mais jovem lamentava não ter assistido ao "espectáculo". "Quando vou à missa, vou sempre forçado, e hoje fiquei a dormir. Que azar!".

Embora ninguém fale abertamente do assunto, em Covas, a população conhece bem a ligação do padre às armas. "Volta e meia ouvem-se tiros por trás da sua casa. É ele a experimentá-las", revelou um morador.

O comandante da GNR de Chaves afirmou, ao JN, que desde o início do ano, no Alto Tâmega, já foram apreendidas mais de uma centena de armas ilegais. "Acho que é uma questão cultural", comenta.

"Muito amigo do dinheiro"

Natural de Gralhas, pequena localidade do concelho de Montalegre, Fernando Guerra, de 74 anos, completou este ano os 50 de sacerdócio. Há várias décadas que exerce no concelho de Boticas. Quem o conhece, critica-lhe o facto de ser "muito amigo do dinheiro". Em Covas, onde reside, é acusado de, na Páscoa, só benzer as casas de quem lhe dá "ofertas". Porém, apesar das críticas, um jovem padre, que preferiu manter o anonimato, realçou, ao JN, que ele gosta de ajudar os sacerdotes mais novos.

Acusado de agredir sacristão

Há vários anos, foi acusado de ter ferido violentamente o sacristão de Covas por causa de uma discussão relacionada com a hora de um funeral. O sacristão chegou a fazer queixa, mas acabou por retirá-la.

Disputa contra população

Após várias zangas com os populares, o pároco Fernando Guerra deixou de rezar missa e fazer funerais em Couto de Dornelas. Há vários anos, pároco e Junta de Freguesia disputam, no tribunal, a propriedade da chamada casa do santo, habitação de suporte à festa tradicional de S. Sebastião.

Alvejado a tiro

Em finais de Julho de 2007, o pároco Fernando Guerra alegou ter sido vítima de uma tentativa de homicídio, quando seguia de carro a caminho de uma paróquia. Foi atingido numa mão por dois tiros de caçadeira.

Funerais para quem paga

Fernando Guerra é também acusado de recusar fazer funerais aos que anualmente não lhe pagam os seus serviços, dívidas que aponta num caderno. Ou de, quando os faz, acrescentar ao preço das cerimónias fúnebres o valor dos anos em dívida.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=1401306

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